Diário de Bordo: Depoimento da pernambucana Wivian Gadelha, meio de rede no time espanhol JAV Olímpico


Arquivo pessoal
Confira o depoimento da Wiviam Gadelha. Ela nos conta sobre os desafios, dificuldades, pontos positivos e negativos de jogar no exterior.


Pernambucana,  iniciou sua carreira no Colégio Boa Viagem, passando pela AABB, BNB,  Sport onde jogou a Superliga e o time paulista Vôlei Futuro. Em 2007 recebeu o convite para jogar no JAV Olímpico time espanhol, onde é meio de rede a quatro temporadas.
Nome : Wivian Carine Gadelha de Souza
Posição: Meio Cidade natal: Recife



Como foi o convite para jogar fora?
Foi através de um amigo, que era procurador de atletas, daí ele entrou em contato comigo pra saber se eu queria sair do Brasil pra jogar. Na primeira vez que ele me perguntou, eu não fui, fazia faculdade de nutrição, e não queria deixá-la. Depois de muita insistência, no outro ano ele voltou a entrar em contato comigo, então como faltava só um semestre pra terminar minha faculdade, eu resolvi ir.

Quais os aprendizados?
Foi a primeira vez que saí do Brasil, e estar longe, outro país, outra cultura, é uma oportunidade que tive de aprender e superar varias coisas. Ter a capacidade de lidar com isso, eu acho que é a melhor experiência que posso ter de tudo. E também aprender outro idioma, saber lidar com pessoas de várias culturas, e países, pois sempre há mais estrangeiras no time.

Idioma
Estou na Espanha, mais fácil, por ser espanhol e ter várias palavras que são parecidas, no inicio dava pra entender algumas coisas, pra falar era mais complicado, tinha vergonha também, até parecia uma muda.(Risos),  então comecei a estudar, em casa mesmo, lendo muito, e acho que em 3 meses já tava bem, pra entender bastante e falar melhor. Depois chegou uma brasileira pra morar comigo, e que maravilha, porque podia falar meu português assim diariamente.

Futuro profissional
Não sei até quando vou estar jogando, mas se eu conseguir uns 10 anos ainda jogando vou tá muito feliz, não sei se no Brasil ou fora.
Bem, todos nós que estamos nesse meio, do esporte, sabemos que essa  vida não vai ser assim para sempre, jogando. Infelizmente,  temos um ciclo, que se acaba, eu tento fazer sempre o meu melhor. Mas como disse, um dia teremos que finalizar essa etapa, e eu sempre penso  nisso. Já terminei a faculdade, sou nutricionista, fiz uma pós também, enfim, espero que depois que pare de jogar consiga trabalhar nessa minha segunda profissão, que eu adoro muito e espero ter espaço para isso.

Pontos positivos e negativos de jogar no exterior 
Começo pelos negativos. Acho que o primeiro é estar longe da família, amigos, sua casa, e a tantos quilômetros de distancia. Tem hora que bate a saudade, mas temos que superar, e que rápido estarei em casa com eles. Outro ponto a ressaltar é seus costumes, a comida, apesar de eu ter tido sorte, aqui em Canarias tem comidas muito parecidas com as do Brasil, e essa não foi uma dificuldade tão grande, mas sempre a gente sente falta do nosso feijãozinho, e principalmente daquele que a faz, a nossa mãe.

Quem é atleta sabe, que sempre abdicamos de muitas coisas, em prol do vôlei, mas no final tudo tem sua recompensa. Fazemos o que amamos, e ainda nos pagam para isso, tem coisa melhor? rsrs . Mais positivos, é da tranquilidade, a segurança que tem na cidade, que é muito diferente do Brasil,  isso é a coisa que eu mais gosto aqui, estar na rua , sem tá preocupada com o que pode acontecer, não que aqui não exista violência e coisas desse tipo, claro que há, como em todo mundo, mas em uma quantidade muito menor do que no nosso país, infelizmente , essa é a realidade. Outro é a estrutura, aqui temos uma boa estrutura de treinamento, atenção medica e tudo que precisamos, claro que no Brasil também tem, mas se falamos em Nordeste, todos nós sabemos que é bem complicada a situação na nossa região por falta de incentivos. 

Família
Minha família sempre me apoiou em tudo nesse aspecto, sempre o que eu escolhesse, e fosse bom, estavam todos a meu favor, e o único problema como disse é a saudade que temos de todos que ficam no Brasil. Passar as festas fora, muito tempo, pois são 7 ou 8 meses fora, e perdemos muita coisas.

Conte um pouco sobre sua equipe e a temporada na Espanha
Esse ano foi um bom ano para o clube, apesar de algumas dificuldades na liga pela crise que tá aqui na Europa, alguns times tiveram que sair de ultima hora, por falta de dinheiro. Mas terminamos na 6º colocação, e como esse ano os playoffs foram reduzidos, somente os 4 primeiros já fizeram as semifinais, então ficamos fora. Também nos classificamos para a Copa de La Reina, uma competição muito importante do voleibol espanhol. Foi um ano com atletas bastante jovens, jogamos com varias juvenis na equipe titular, mas que não deixaram a desejar,é um clube que gosta muito da Base, da muita atenção para categorias desde mirim até o juvenil, inclusive é o ultimo campeão espanhol nas 3 categorias. E vem sendo há vários anos.
E para mim, particularmente foi um bom ano, terminei a superliga entre as melhores da classificação geral, em bloqueio, ataque, e entre as máximas pontuadoras. Enfim, posso dizer que estou satisfeita com a temporada, apesar de que sempre podia ter sido melhor, mas em geral foi bom.

Diferença do Brasil 
Acho que é a estrutura, isso me refiro mais ao Nordeste. Outra coisa que acho diferente  é que aqui o vôlei não é tão popular como é no Brasil, mas claro, isso seria óbvio pois o Brasil agora mesmo tem destaque mundial nesse esporte, em comparação a Espanha. Ver uma final da Superliga ai no Brasil com 11 mil pessoas no maracananzinho, isso aqui realmente não acontece. Essa seria uma diferença a destacar. Exceto em algumas cidades que são mais pequenas aqui, que a quadra realmente fica lotada pra ver os jogos.

Um comentário:

  1. É muito interessante passar as experiências e comparações de outros atletas em outros paises. Parabéns, Volei Nordeste pela entrevista sempre visando a informação.

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