Entrevista realizada pelo portal A Tarde - Bahia
Talvez o nome Hélia não chame a atenção, mas se a referência for Fofão, rapidamente nos lembraremos da ex-levantadora da seleção brasileira. É com esse apelido (do simpático mascote do programa infantil Balão Mágico) que Hélia Rogério de Souza Pinto entrou para a história do vôlei feminino.
Apesar de ter dado adeus à seleção, ela está em plena forma aos - quem diria - 43 anos. Há duas semanas, a campeã olímpica (Pequim/08) ajudou a equipe carioca da Unilever a chegar à 12ª final da Superliga.
Apesar de ter dado adeus à seleção, ela está em plena forma aos - quem diria - 43 anos. Há duas semanas, a campeã olímpica (Pequim/08) ajudou a equipe carioca da Unilever a chegar à 12ª final da Superliga.
Após duelo acirrado com Sollys/Nestlé, faturou seu terceiro título brasileiro e, de quebra, foi eleita a melhor jogadora do torneio. Em entrevista exclusiva ao A TARDE, Fofão falou sobre a recente conquista, a relação com o técnico Bernardinho, a necessidade de o Brasil não decepcionar nos Jogos Olímpicos Rio-2016, entre outros assuntos. Ah! E negou que está pensando em se aposentar..
A TARDE - Uma pergunta básica para começar: algum segredo para chegar aos 43 anos tão bem assim, a ponto de se sagrar campeã da Superliga e melhor jogadora deste ano?
FOFÃO - Ah, não tem receita. Os anos que me cuidei, desde o começo da minha carreira. Sendo profissional exigente comigo e com meu corpo. Acho que reflete de alguma maneira o fato de estar jogando. Quando você gosta do que faz, é difícil cansar. Acaba sendo uma rotina prazerosa.
A TARDE - E o detalhe é que na temporada 2012 você ficou ausente. Como explica o fato de ter voltado tão bem após essa inatividade?
FOFÃO - Fiquei praticamente um ano parada, sem jogar mesmo. Foi bom que relaxei a cabeça. Tinha receio da minha volta, não sabia como seria. Tive preparação muito boa. Antes de começar a Superliga fiz uma pré-temporada toda com a equipe. Mas tinha um trabalho específico voltado para mim.
FOFÃO - Fiquei praticamente um ano parada, sem jogar mesmo. Foi bom que relaxei a cabeça. Tinha receio da minha volta, não sabia como seria. Tive preparação muito boa. Antes de começar a Superliga fiz uma pré-temporada toda com a equipe. Mas tinha um trabalho específico voltado para mim.
A TARDE - Até quando pretende jogar e em qual time gostaria de encerrar a carreira?
FOFÃO - Aposentar agora é o que eu menos quero, pois ainda tenho muita vontade de jogar. Se eu tivesse planejado estar atuando aos 43 anos, acho que não daria tão certo. E a maneira como me entreguei ao jogo, como me diverti em quadra, me dá vontade de continuar mais. Estou forte ainda para jogar. Peço a Deus saúde, porque vontade e disposição nunca faltaram. Meu futuro, não sei... Estou muito feliz de ter chegado até aqui
A TARDE - Você disse: "no Rio de Janeiro, as pessoas sabem cuidar de mim". Explique melhor
FOFÃO - Foi no sentido de saber controlar o momento de treinar, de descansar, o momento do esforço. Não sou nenhuma novinha não, querido! (risos). A comissão do Unilever já me conhece desde os meus 22 anos. É uma parceria antiga. Então, é isso. Eles sabem dos meus problemas, como cuidar de mim.
A TARDE - Já tem planos para o que vai fazer após o fim da carreira?
FOFÃO - As pessoas ficam me perguntando quando vou me aposentar. Aí, eu indago: como vou me aposentar se gosto do que faço? Então, é isso. Ainda não quero pensar no fim (da carreira). Mas espero estar envolvida com o vôlei, de preferência passando um pouco de tudo que aprendi durante toda a minha vida.
A TARDE - Como é sua relação com o técnico Bernardinho?
FOFÃO - Boa. O Bernardo pega no pé de todo mundo. Em mim, então... Não o vejo como chato, carrancudo, nem nada. A forma que ele cobra, acho bom. Afinal, isso é muito importante para deixar claro ao grupo que não há diferença por que eu sou a Fofão. Não me dá privilégio.
A TARDE - Foram quase 20 anos na seleção brasileira. O que mais marcou sua carreira nesses anos?
FOFÃO - Acho que até conquistar meu espaço, ter a credibilidade das pessoas, conseguir mostrar minha qualidade foi muito difícil. Ouvi coisas desagradáveis (cobranças), passei por situações constrangedoras. Agora não preciso provar nada para ninguém, alcancei o respeito do mundo e sei que pra chegar a isso foi uma luta que venci.
A TARDE - Fernanda Venturini sempre foi tida como a maior levantadora brasileira de todos os tempos. Você era reserva dela. Porém, com ela, o Brasil sempre parava nas semifinais das Olimpíadas. Já em 2008, quando você assumiu a titularidade, o Brasil foi campeão. Houve uma certa coincidência nessa história ou você pode se dar ao direito de reivindicar o posto de maior levantadora brasileira de todos os tempos?
FOFÃO - Coincidência, nada além disso. Foi até bom falar da Nanda, porque falavam que tínhamos diferenças. Nunca tivemos problemas porque sempre fomos muito profissionais e sempre nos respeitamos muito, por tudo que fizemos pelo vôlei, cada uma no seu momento.
A TARDE - Até 2004, a seleção feminina parecia ter alguma insegurança psicológica nos momentos decisivos. Procede? O que aconteceu para superarmos isso?
FOFÃO - Discordo. Acho que não era bem isso. No Brasil, ainda há carência de peças de reposição. Desde minha saída (2008), há dificuldade em colocar alguém como levantadora. Sofríamos isso no período. Porém, houve uma pequena melhora, com uma nova safra. E aí, daí acho que passaremos a evoluir.
A TARDE - Pensa em voltar a defender a seleção?
FOFÃO - Não. Meu ciclo já encerrou. Fico feliz pela maneira que foi. Os títulos e os jogos que fiz. Uma palavra traduz minha passagem pela seleção: orgulho.
A TARDE - E quanto aos Jogos Olímpicos Rio-2016. O que espera do evento e do Brasil?
FOFÃO - Quanto ao evento, expectativa muito grande. Fico curiosa em ver as estruturas prontas. Ansiedade de saber se o Brasil fará um belo espetáculo. Não podemos deixar a imagem do país ficar feia nas Olimpíadas. Temos que ter cuidado e um carinho muito grande por toda história que o país recentemente tem conquistado no esporte. Somos as atuais bicampeãs Olímpicas 2008 (Pequim) e 2012 (Londres). Não podemos decepcionar. Temos que manter a base que foi para última Olimpíada. Isto será nosso diferencial diante das outras seleções para faturar o tri!
A TARDE - Como vê atualmente o voleibol feminino no Brasil? O que precisa melhorar?
FOFÃO - Há grandes equipes, houve uma melhora significativa. Porém, ainda são poucos os times que oferecem uma boa estrutura. Como todo esporte, precisamos de apoio, de patrocinadores.
A TARDE - A Bahia não tem tradição no vôlei e não forma atletas de ponta. Atualmente, Salvador não tem nenhum ginásio decente, capaz de receber jogos da Seleção. Como vê isso ?
FOFÃO - Vou te falar, nunca ouvir falar da Bahia no esporte. Não só no vôlei como em outros esportes. As pessoas deviam incentivar um pouco mais, sabemos que do Nordeste saem muitas jogadoras. Todo lugar tem um talento escondido, na Bahia também tem. Caberia dar essa oportunidade, fomentar o esporte. Pena não ter um ginásio. Se tivesse, quem sabe não veríamos novas promessas?
A TARDE - Tem alguma relação com a Bahia? Alguma história?
FOFÃO - Eu não tenho, mas sou fã. Não conheço a Bahia, vontade de conhecer. Se der tudo certo, esse ano ainda vou ai. É uma terra de energia muito boa.
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