"Ei, você já viu isso? Meu Deus, você vai para as Olimpíadas!"
Tente imaginar como Vitor Felipe, de 21 anos, calouro no Circuito Mundial reagiu ao ouvir a novidade da boca do parceiro Moisés. Em Gstaad, na Suíça, o paraibano viu em uma notícia na internet que havia sido um dos 16 escolhidos para participar do projeto “Vivência Olímpica”, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Como a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) ainda não convocou as duplas que defenderão o Brasil nos Jogos, o novato tornou-se o primeiro atleta da praia com o passaporte carimbado para Londres.
Vitor não está entre os pré-selecionados pela CBV e, por isto, nem sonhava com a possibilidade de ver as Olimpíadas de perto. Mesmo sem competir, ele terá a chance de “quebrar o gelo” ajudando como sparring nos treinamentos das parcerias que brigarão por medalhas. Ainda sem muitos detalhes sobre a viagem, já que ninguém do COB entrou em contato até o momento, o rapaz conta que não para de pensar sobre o presente que caiu em seu colo.
- Eu primeiro fiquei sem acreditar. Depois, não conseguia dormir só imaginando como seria lá. Qualquer um com uma chance dessas só pode adorar e rir de orelha a orelha, pois está ganhando muito. É um projeto essencial porque toda estreia em um grande evento gera ansiedade e atrapalha o atleta. É tudo muito grandioso, e vamos poder ver Roger Federer, Michael Phelps, Usain Bolt do nosso lado. Indo agora vamos ficar deslumbrados, mas vai ajudar a diminuir o impacto e a pressão quando formos para as Olimpíadas aqui no Brasil.
Normalmente tímido, o paraibano assume que vai deixar a vergonha de lado e pedir para tirar fotos se vir algum ídolo do esporte mundial. Com os colegas brasileiros do vôlei de praia, Vitor Felipe já está acostumado. Mesmo sendo estreante no Circuito Mundial, ele já jogou diversas vezes contra as maiores estrelas do país. Com Ricardo, que luta ao lado de Pedro Cunha contra Márcio e Pedro Solberg pela segunda vaga masculina do país, o jovem atleta ainda teve a oportunidade de treinar junto em diversas oportunidades, já que o campeão olímpico em Atenas também treina em João Pessoa.
A Inglaterra também traz boas lembranças a Vitor. Foi na terra da Rainha que ele disputou seu primeiro torneio internacional. Na cidade de Blackpool, ao lado do conterrâneo Álvaro Filho, conquistou a medalha de prata no Mundial Sub-21 de 2009. Nos dois anos seguintes, voltaram ao pódio na mesma competição, com mais uma prata e, por último, um bronze.
A parceria com o amigo de infância foi desfeita, mas a carreira seguiu colhendo bons frutos. No ano passado, após uma viagem às pressas para substituir um colega lesionado, o paraibano conquistou o ouro dos Jogos Sul-Americanos de Praia em dupla com Moisés. Na ocasião, membros do COB estavam presentes e assistiram ao triunfo do jovem jogador, fato que ele acredita ter contribuído para sua escolha para ir a Londres.
- Eu já tenho alguma experiência a mais em relação a alguns jogadores da minha idade e agora vou ganhar mais ainda. O meu grande sonho é jogar as Olimpíadas e, podendo presenciar isso, me acostumar com esse ambiente e ver quão grande realmente é, vou ganhar muito. Não só pela experiência, mas quem sabe mais visibilidade em termos de patrocínio. Eu e Moisés atualmente estamos viajando no Circuito com nosso próprio dinheiro, precisamos improvisar muito, e isso às vezes prejudica nosso desempenho.
- Imagina passar do lado do Bolt? O cara é o melhor de todos os tempos naquilo que ele faz. É um incentivo muito grande estar no mesmo lugar que essas pessoas. Só nos faz querer correr mais atrás ainda para um dia também chegar lá.Os atletas que participam do “Vivência Olímpica” ficarão alojados no Centro Esportivo Crystal Palace, base do Time Brasil antes e durante os Jogos Olímpicos Londres 2012. Em meio à rotina de treinamento, visita à Vila Olímpica e à Casa Brasil, Vitor garante que vai encontrar tempo para registrar cada detalhe: jogos, brincadeiras, refeições e “até os banheiros” das instalações.
Entre as estrelas que o jogador espera encontrar está um certo argentino que, recentemente, deu trabalho à seleção de Mano Menezes. Apesar das dificuldades que o rival pode impor ao time brasileiro na busca pelo inédito ouro olímpico, Messi está no topo da lista. Além dele, o homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, é um dos ídolos com que Vitor espera esbarrar.
*globo esporte
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